Nova Política de EaD: O Desenho Instrucional no Centro da Transformação
- Instituto DI
- 26 de mai.
- 4 min de leitura

A Educação a Distância no Brasil está passando por uma inflexão importante. Com o novo decreto publicado pelo Ministério da Educação em maio de 2025, a EaD deixa de ser vista como um modelo paralelo e passa a ser tratada com a mesma exigência de qualidade dos cursos presenciais. A legislação estabelece critérios mais rigorosos, com exigências de presença física, mediação humana qualificada e avaliações presenciais.
O que isso muda? Tudo — especialmente para quem atua com Design Instrucional.
Neste novo cenário, a arquitetura pedagógica deixa de ser bastidor e passa a ocupar o centro das decisões educacionais. E quem domina esse projeto é o Designer Instrucional (DI). Agora, mais do que nunca, é esse profissional quem garante que a experiência de aprendizagem seja coerente, fluida e verdadeiramente eficaz.
A nova arquitetura da EaD: o que está em jogo
Arquitetura pedagógica é mais do que uma sequência de conteúdos. Trata-se da construção intencional do percurso de aprendizagem: dos objetivos à avaliação, passando por mediações, trilhas e recursos.
O novo marco regulatório exige que:
Haja atividades presenciais regulares (inclusive para avaliação)
Os cursos contem com mediação pedagógica humana real e efetiva
As instituições disponham de polos com estrutura mínima ativa
O processo formativo seja acompanhado de interação síncrona com tutores ou professores
Tudo isso demanda planejamento instrucional estratégico. Não se trata mais de empilhar vídeos, PDFs e quizzes em uma plataforma — é preciso desenhar experiências.
O que muda, na prática, para o Designer Instrucional?
Reorganizar cursos com foco em coerência híbrida
Cursos que eram 100% a distância precisam ser redesenhados para incorporar momentos presenciais e mediações ao vivo. Isso exige do DI:
Replanejar a trilha de aprendizagem para incluir marcos presenciais significativos (ex: aulas práticas, mentorias, avaliações)
Ajustar a carga horária entre online e presencial, sem perder fluidez
Criar sistemas de transição claros entre os diferentes ambientes de aprendizagem
Exemplo prático: uma disciplina sobre liderança pode começar com um módulo assíncrono, seguido de uma dinâmica presencial para tomada de decisão em grupo e encerrada com uma entrega digital baseada em projeto real.
Integrar a mediação pedagógica ao design do curso
Com a obrigatoriedade de mediação qualificada, o DI deve garantir que os mediadores tenham roteiros claros de atuação, recursos acessíveis e espaço para contribuir com o processo.
Criar guias de mediação, com fluxos de interação previstos por semana ou por tópico
Desenhar pontos de entrada para intervenção humana: onde o tutor entra? Quando o professor atua diretamente? Como o aluno aciona suporte?
Incluir momentos de avaliação formativa mediados, como feedbacks guiados em fóruns, rubricas comentadas e sessões síncronas de dúvidas
Ferramenta prática: checklist de boas práticas para mediadores, com orientações de tom, frequência e objetivos por interação.
Transformar os polos em pontos vivos da aprendizagem
O DI deve deixar de ver os polos como meros locais logísticos. Eles são agora parte da experiência.
Propor atividades específicas para os polos: vivências, práticas, avaliações presenciais, mentorias, clubes de estudo
Trabalhar com coordenação local para garantir ambiente propício à aprendizagem ativa
Criar roteiros de uso dos espaços físicos integrados à trilha digital
Exemplo: um curso de TI pode realizar no polo sessões de prática supervisionada em laboratório, com casos simulados ligados às tarefas da semana online.
Reestruturar avaliações com foco em consistência e impacto
Com provas obrigatoriamente presenciais e com peso real, o DI precisa alinhar os momentos avaliativos ao restante da jornada:
Propor avaliações práticas com aplicação presencial, como apresentações, estudos de caso ou desafios
Planejar momentos preparatórios no ambiente online, simulando o formato e os critérios de avaliação
Usar dados de desempenho online para personalizar o apoio pré-avaliação
Dica prática: construir rubricas claras e compartilháveis com alunos e mediadores, reforçando os critérios desde o início da disciplina.
Oportunidade de reposicionamento profissional
O cenário está claro: instituições terão que reestruturar seus cursos e processos, e isso abrirá espaço para DIs mais estratégicos e integrados.
Se antes o DI era acionado após a decisão do conteúdo, agora ele deve estar desde o início do projeto pedagógico, ajudando a desenhar a estrutura do curso e garantindo que tudo o que for ofertado esteja em conformidade com as exigências legais e com as boas práticas de aprendizagem.
Além disso, há espaço para:
Capacitar mediadores, docentes e tutores
Atuar na construção e revisão de políticas internas de EaD
Oferecer consultoria especializada para redesenho de programas
Participar de grupos de inovação acadêmica que lidam com modelos híbridos
Conclusão: o DI como arquiteto da transformação educacional
A Nova Política de EaD não valoriza apenas a tecnologia — ela valoriza o projeto pedagógico intencional e humano. E isso só acontece com uma arquitetura sólida, desenhada com propósito. Esse é o território do designer instrucional.
Não se trata de fazer mais do mesmo em outro formato. Trata-se de construir experiências que conectem contexto, conteúdo, interação e avaliação — online e presencialmente.
Se você atua com DI, o cenário atual é uma oportunidade de se posicionar como profissional estratégico, influente e indispensável para a educação do futuro.
IDI Instituto de Desenho Instrucional
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