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Nova Política de EaD: O Desenho Instrucional no Centro da Transformação


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A Educação a Distância no Brasil está passando por uma inflexão importante. Com o novo decreto publicado pelo Ministério da Educação em maio de 2025, a EaD deixa de ser vista como um modelo paralelo e passa a ser tratada com a mesma exigência de qualidade dos cursos presenciais. A legislação estabelece critérios mais rigorosos, com exigências de presença física, mediação humana qualificada e avaliações presenciais.


O que isso muda? Tudo — especialmente para quem atua com Design Instrucional.


Neste novo cenário, a arquitetura pedagógica deixa de ser bastidor e passa a ocupar o centro das decisões educacionais. E quem domina esse projeto é o Designer Instrucional (DI). Agora, mais do que nunca, é esse profissional quem garante que a experiência de aprendizagem seja coerente, fluida e verdadeiramente eficaz.


A nova arquitetura da EaD: o que está em jogo


Arquitetura pedagógica é mais do que uma sequência de conteúdos. Trata-se da construção intencional do percurso de aprendizagem: dos objetivos à avaliação, passando por mediações, trilhas e recursos.


O novo marco regulatório exige que:


  • Haja atividades presenciais regulares (inclusive para avaliação)

  • Os cursos contem com mediação pedagógica humana real e efetiva

  • As instituições disponham de polos com estrutura mínima ativa

  • O processo formativo seja acompanhado de interação síncrona com tutores ou professores


Tudo isso demanda planejamento instrucional estratégico. Não se trata mais de empilhar vídeos, PDFs e quizzes em uma plataforma — é preciso desenhar experiências.


O que muda, na prática, para o Designer Instrucional?

Reorganizar cursos com foco em coerência híbrida


Cursos que eram 100% a distância precisam ser redesenhados para incorporar momentos presenciais e mediações ao vivo. Isso exige do DI:


  • Replanejar a trilha de aprendizagem para incluir marcos presenciais significativos (ex: aulas práticas, mentorias, avaliações)

  • Ajustar a carga horária entre online e presencial, sem perder fluidez

  • Criar sistemas de transição claros entre os diferentes ambientes de aprendizagem


Exemplo prático: uma disciplina sobre liderança pode começar com um módulo assíncrono, seguido de uma dinâmica presencial para tomada de decisão em grupo e encerrada com uma entrega digital baseada em projeto real.


Integrar a mediação pedagógica ao design do curso


Com a obrigatoriedade de mediação qualificada, o DI deve garantir que os mediadores tenham roteiros claros de atuação, recursos acessíveis e espaço para contribuir com o processo.


  • Criar guias de mediação, com fluxos de interação previstos por semana ou por tópico

  • Desenhar pontos de entrada para intervenção humana: onde o tutor entra? Quando o professor atua diretamente? Como o aluno aciona suporte?

  • Incluir momentos de avaliação formativa mediados, como feedbacks guiados em fóruns, rubricas comentadas e sessões síncronas de dúvidas


Ferramenta prática: checklist de boas práticas para mediadores, com orientações de tom, frequência e objetivos por interação.


Transformar os polos em pontos vivos da aprendizagem


O DI deve deixar de ver os polos como meros locais logísticos. Eles são agora parte da experiência.


  • Propor atividades específicas para os polos: vivências, práticas, avaliações presenciais, mentorias, clubes de estudo

  • Trabalhar com coordenação local para garantir ambiente propício à aprendizagem ativa

  • Criar roteiros de uso dos espaços físicos integrados à trilha digital


Exemplo: um curso de TI pode realizar no polo sessões de prática supervisionada em laboratório, com casos simulados ligados às tarefas da semana online.


Reestruturar avaliações com foco em consistência e impacto


Com provas obrigatoriamente presenciais e com peso real, o DI precisa alinhar os momentos avaliativos ao restante da jornada:


  • Propor avaliações práticas com aplicação presencial, como apresentações, estudos de caso ou desafios

  • Planejar momentos preparatórios no ambiente online, simulando o formato e os critérios de avaliação

  • Usar dados de desempenho online para personalizar o apoio pré-avaliação


Dica prática: construir rubricas claras e compartilháveis com alunos e mediadores, reforçando os critérios desde o início da disciplina.


Oportunidade de reposicionamento profissional


O cenário está claro: instituições terão que reestruturar seus cursos e processos, e isso abrirá espaço para DIs mais estratégicos e integrados.


Se antes o DI era acionado após a decisão do conteúdo, agora ele deve estar desde o início do projeto pedagógico, ajudando a desenhar a estrutura do curso e garantindo que tudo o que for ofertado esteja em conformidade com as exigências legais e com as boas práticas de aprendizagem.


Além disso, há espaço para:


  • Capacitar mediadores, docentes e tutores

  • Atuar na construção e revisão de políticas internas de EaD

  • Oferecer consultoria especializada para redesenho de programas

  • Participar de grupos de inovação acadêmica que lidam com modelos híbridos


Conclusão: o DI como arquiteto da transformação educacional


A Nova Política de EaD não valoriza apenas a tecnologia — ela valoriza o projeto pedagógico intencional e humano. E isso só acontece com uma arquitetura sólida, desenhada com propósito. Esse é o território do designer instrucional.


Não se trata de fazer mais do mesmo em outro formato. Trata-se de construir experiências que conectem contexto, conteúdo, interação e avaliação — online e presencialmente.


Se você atua com DI, o cenário atual é uma oportunidade de se posicionar como profissional estratégico, influente e indispensável para a educação do futuro.


IDI Instituto de Desenho Instrucional


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