Como a Andragogia Pode Impactar Seu Treinamento Corporativo
- Instituto DI

- 18 de ago.
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Novas tecnologias, modelos de trabalho híbridos e mercados em constante transformação exigem que profissionais atualizem suas competências de forma contínua. Nesse contexto, investir em treinamentos eficazes deixou de ser diferencial e se tornou necessidade estratégica.
Mas criar treinamentos corporativos eficientes para adultos exige compreender um ponto essencial: adultos aprendem de forma diferente de crianças. É aqui que a andragogia — ciência e arte de ensinar adultos — se destaca. Ao incorporar seus princípios a um projeto educacional corporativo, é possível criar experiências mais engajadoras, relevantes e transformadoras.
1. O que é andragogia
O termo andragogia foi popularizado por Malcolm Knowles na década de 1970 e descreve uma abordagem de ensino voltada para as necessidades, motivações e características específicas dos aprendizes adultos. Ao contrário da pedagogia, que se concentra no ensino de crianças, a andragogia considera que os adultos:
Possuem experiências de vida que influenciam a aprendizagem;
São motivados por objetivos claros e aplicabilidade prática;
Preferem autonomia na condução do aprendizado;
Aprendem melhor quando percebem relevância imediata no conteúdo.
Esses princípios transformam a forma de desenhar treinamentos corporativos, tornando-os mais eficientes e conectados à realidade dos participantes.
2. Princípios fundamentais da aprendizagem adulta
Knowles apresentou seis princípios centrais que orientam a andragogia. Ao traduzi-los para o contexto empresarial, eles se tornam guias para o design de cursos e programas internos.
2.1. Necessidade de saber
Adultos precisam entender por que estão aprendendo algo. Antes de iniciar um treinamento, é essencial explicar seu propósito e impacto. Em uma trilha de aprendizagem corporativa, por exemplo, apresentar casos reais e resultados esperados aumenta a adesão e a motivação.
2.2. Autonomia do aprendiz
O adulto deseja ter controle sobre seu processo de aprendizagem. Isso pode ser aplicado oferecendo escolhas: formatos diferentes (vídeo, leitura, prática), possibilidade de ajustar o ritmo ou até decidir a ordem dos módulos. Esse tipo de flexibilidade deve ser planejado já na estrutura instrucional do curso.
2.3. Experiência prévia
Os conhecimentos e vivências anteriores do aluno são recursos valiosos. Atividades que permitem compartilhar experiências — como discussões em grupo, resolução de problemas e estudos de caso — enriquecem o conteúdo corporativo e criam aprendizado colaborativo.
2.4. Prontidão para aprender
O adulto tende a buscar conhecimento quando há necessidade imediata. Por isso, o treinamento precisa estar alinhado a demandas reais do trabalho, como uma nova ferramenta, mudança de processo ou meta específica. Esse alinhamento aumenta a urgência e a eficácia do programa de capacitação.
2.5. Orientação para a aplicação
Ao contrário das crianças, que muitas vezes aprendem de forma sequencial para uso futuro, os adultos preferem conteúdos que possam aplicar imediatamente. Isso reforça a importância de incluir simulações, exercícios práticos e projetos reais no treinamento corporativo.
2.6. Motivação interna
Embora recompensas externas (bônus, certificados) sejam válidas, o engajamento mais duradouro vem de fatores internos: satisfação, crescimento profissional, autoestima. Um bom curso estimula essa motivação ao mostrar resultados concretos e oportunidades de desenvolvimento dentro da carreira.
3. Benefícios da andragogia para o treinamento corporativo
Aplicar os princípios da andragogia gera benefícios imediatos e de longo prazo para empresas e colaboradores:
Maior engajamento: os participantes se sentem parte ativa do processo;
Retenção de conhecimento: o aprendizado é mais significativo e duradouro;
Aplicabilidade prática: conteúdos adaptados à realidade da função;
Otimização de tempo e recursos: treinamentos mais focados e objetivos.
Esses ganhos fortalecem não apenas o desempenho individual, mas também a cultura organizacional, criando equipes mais preparadas e autônomas.
4. Estratégias para aplicar andragogia no seu treinamento
4.1. Diagnóstico preciso
Antes de criar qualquer conteúdo, é fundamental entender o público: nível de experiência, desafios atuais, expectativas e metas. Essa etapa define a base de todo o planejamento instrucional.
4.2. Contextualização constante
Relacionar o conteúdo com situações reais da empresa ou do mercado torna o aprendizado mais relevante. Isso pode ser feito por meio de estudos de caso internos, indicadores reais e simulações.
4.3. Aprendizagem ativa
Incluir metodologias como aprendizagem baseada em problemas, gamificação e storytelling aumenta o engajamento e aproveita melhor a experiência prévia dos participantes. Essas técnicas devem ser incorporadas ao design do curso desde o início.
4.4. Avaliações formativas
Em vez de depender apenas de uma prova final, oferecer feedback contínuo ao longo do curso ajuda o aluno a corrigir rotas e aplicar melhorias em tempo real. Isso reforça a percepção de progresso e valor do treinamento corporativo.
5. Andragogia e aprendizado contínuo
A andragogia não se limita a treinamentos pontuais. Ela é a base para promover a aprendizagem ao longo da vida — conceito cada vez mais essencial para a empregabilidade. Ao oferecer programas constantes de desenvolvimento, a empresa cria um ambiente onde aprender faz parte da rotina e onde os profissionais sentem que têm oportunidades reais de crescimento na trajetória profissional.
Conclusão
Em um mundo corporativo dinâmico, a capacidade de aprender continuamente é um ativo estratégico. A andragogia oferece o mapa para criar treinamentos que respeitam a forma como adultos aprendem, valorizando sua experiência, autonomia e motivação interna.
Aplicar esses princípios ao design instrucional significa entregar não apenas cursos, mas soluções de aprendizagem que geram impacto real — tanto para o colaborador quanto para a organização. É essa abordagem que transforma um programa de treinamento em uma ferramenta de crescimento sustentável.
IDI Instituto de Desenho Instrucional





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