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Contexto é Tudo: Como Personalizar o Conteúdo para a Realidade do Aluno


Você já deve ter ouvido a frase “não existe aprendizagem sem contexto”. Ela é repetida com frequência, mas pouco explorada com a profundidade que merece — especialmente no universo da educação corporativa.


Projetar um curso ou trilha de aprendizagem sem considerar o contexto do público é como ensinar alguém a nadar descrevendo os movimentos fora da água. Pode até parecer correto no papel, mas falha completamente quando confrontado com a prática real.


Neste artigo, vamos discutir por que personalizar o conteúdo ao contexto do aluno é essencial, quais são os principais erros nesse processo e como tornar suas experiências de aprendizagem mais relevantes e eficazes para adultos em diferentes cenários profissionais.


Por que o contexto importa tanto?


Adultos aprendem movidos por relevância, aplicabilidade e conexão com a experiência prévia. Isso significa que todo novo conteúdo precisa se encaixar em algo que o aluno já conhece, vive ou sente.


Quando o conteúdo é genérico, desconectado ou distante do cotidiano, o cérebro simplesmente não vê motivo para investir energia cognitiva. A consequência? Baixo engajamento, retenção limitada e pouca ou nenhuma aplicação prática.


Personalizar não é apenas adaptar exemplos. É compreender o que o aluno faz, onde trabalha, com quem interage, quais pressões enfrenta e como a aprendizagem pode melhorar sua atuação no mundo real. Isso exige mais do que criatividade — exige análise de contexto e empatia instrucional no planejamento.


Os riscos de ignorar o contexto


Entre os erros mais comuns em projetos instrucionais estão:


  • Criar cursos “modelo” que servem para todos, mas não impactam ninguém

  • Usar exemplos distantes da realidade dos participantes

  • Aplicar teorias sem ancoragem em problemas concretos

  • Pressupor que o público já tem determinadas habilidades ou repertórios


Esses erros não apenas diminuem a efetividade da aprendizagem, como também geram resistência, desinteresse e até desconforto — especialmente entre adultos com maior experiência prática, que percebem rapidamente quando um conteúdo “não fala com eles”.


O resultado? Treinamentos com baixa adesão, retorno sobre investimento indefinido e conhecimento que não se traduz em mudança de comportamento.


O que significa personalizar o conteúdo?


Personalizar não é criar um conteúdo diferente para cada pessoa. É considerar as características do grupo-alvo e adaptar o design da experiência a partir disso. Isso pode ser feito de várias maneiras:


  • Escolhendo exemplos do setor ou área de atuação dos alunos

  • Criando personas realistas que representem situações comuns no trabalho

  • Propondo problemas autênticos como base para atividades

  • Usando a linguagem, jargões e formatos que fazem parte da cultura do público

  • Identificando o nível de maturidade dos alunos em relação ao tema (iniciante, intermediário, avançado)


Um conteúdo bem personalizado respeita o tempo, o repertório e os desafios do aluno, e por isso tende a ser mais valorizado, mais bem avaliado e mais aplicado.


Ferramentas para mapear o contexto


Antes de pensar no conteúdo, é preciso olhar para o ambiente. Algumas perguntas guiam esse processo:


  • O que os participantes já sabem sobre o tema?

  • O que eles precisam fazer melhor ou de forma diferente?

  • Em que situações práticas esse conteúdo será utilizado?

  • Que tipo de barreiras, pressões ou limitações eles enfrentam?

  • Como o aprendizado pode ajudar a resolver problemas reais?


Essas respostas podem vir de entrevistas, formulários, reuniões com líderes, análise de desempenho ou observação direta. É esse tipo de investigação que transforma uma ideia genérica em uma experiência de aprendizagem significativa e aplicável.


Para isso, o papel do designer instrucional é traduzir o diagnóstico em decisões pedagógicas — escolha de linguagem, estrutura de trilha, formatos, mídias e propostas de avaliação. É nessa etapa que a experiência ganha valor.


Conclusão


Contexto não é detalhe. É base. Ignorá-lo é comprometer a efetividade da aprendizagem e desperdiçar energia — da equipe de T&D, do instrutor e, principalmente, do aluno.


Personalizar o conteúdo é um ato de respeito com o aprendiz. É reconhecer que ele já tem uma história, uma prática e uma forma de enxergar o mundo. E que, para aprender, ele não precisa de um conteúdo perfeito. Ele precisa de um conteúdo que converse com a sua realidade.


IDI Instituto de Desenho Instrucional



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