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Aprendizagem Experiencial de Kolb: Do Ciclo à Transformação nas Empresas

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Em ambientes corporativos, um dos maiores desafios não é transmitir informação, mas garantir que ela seja aplicada na prática. Modelos de treinamento baseados apenas em teoria tendem a gerar baixo engajamento e pouca retenção. É nesse ponto que a aprendizagem experiencial, proposta por David Kolb, ganha força. Essa abordagem defende que o aprendizado se constrói em um ciclo dinâmico, em que teoria e prática se complementam, transformando experiências em conhecimento aplicável.


O Ciclo de Aprendizagem de Kolb


O modelo de Kolb descreve o aprendizado como um processo contínuo em quatro etapas:


  1. Experiência Concreta – vivenciar ou simular uma situação real.

  2. Observação Reflexiva – refletir criticamente sobre a experiência.

  3. Conceituação Abstrata – conectar a vivência a conceitos e teorias.

  4. Experimentação Ativa – aplicar novamente o que foi aprendido em novos contextos.


No contexto da educação corporativa, aplicar esse ciclo significa que o colaborador não apenas ouve ou lê sobre um tema, mas passa por um processo completo de prática, análise, consolidação e aplicação.


Aplicações Práticas do Ciclo nas Empresas


1. Experiência Concreta


É o ponto de partida. Os colaboradores vivenciam uma situação real ou simulada.


  • Exemplo em vendas: simular uma ligação com um cliente difícil, com direito a objeções inesperadas.

  • Exemplo em liderança: encenar uma conversa de feedback com um colaborador que está performando abaixo do esperado.


Aqui, o papel do facilitador é criar situações de aprendizagem que sejam desafiadoras, mas seguras, permitindo erros como parte do processo.


2. Observação Reflexiva


Depois da vivência, os colaboradores analisam e discutem o que ocorreu.


  • Perguntas-chave: O que funcionou bem? O que poderia ser feito de forma diferente?

  • Exemplo prático: em um workshop de atendimento ao cliente, a equipe debate como as respostas dadas impactaram a satisfação do consumidor.


Essa etapa evita que o treinamento se reduza a uma atividade prática sem significado. É aqui que nasce a reflexão crítica.


3. Conceituação Abstrata


Agora é hora de relacionar a experiência vivida com teorias, metodologias ou boas práticas.


  • Exemplo em projetos: após um case prático de gestão de conflitos, o instrutor introduz modelos de comunicação não violenta ou técnicas de negociação.

  • Exemplo em liderança: depois de um role play, o grupo estuda teorias sobre estilos de liderança e feedback construtivo.


Essa fase conecta o vivido com o conhecimento formal, garantindo significado aplicado ao aprendizado.


4. Experimentação Ativa


O ciclo se fecha quando os colaboradores aplicam o que aprenderam em novos contextos.


  • Exemplo imediato: em um programa de customer success, após uma simulação, os profissionais aplicam as técnicas diretamente em clientes reais e depois compartilham os resultados.

  • Exemplo contínuo: líderes praticam, ao longo das semanas seguintes, novas formas de conduzir reuniões, trazendo feedbacks para o grupo.


Esse movimento garante que a aprendizagem não fique restrita à sala de treinamento, mas seja incorporada no cotidiano, gerando transformação prática.


Benefícios da Aprendizagem Experiencial no T&D Corporativo


  • Maior retenção: porque o colaborador vivencia e aplica o conteúdo.

  • Engajamento elevado: as experiências são mais interessantes que métodos expositivos.

  • Transferência imediata: o conhecimento é rapidamente levado ao trabalho.

  • Desenvolvimento de soft skills: como pensamento crítico, colaboração e tomada de decisão.

  • Alinhamento cultural: experiências bem desenhadas ajudam a reforçar valores da empresa na prática.


Um programa de T&D experiencial pode, por exemplo, substituir longas palestras por jornadas de aprendizagem que combinam dinâmicas, reflexões, conceitos e planos de ação individuais.


Limitações e Cuidados


Apesar de seu alto potencial, a aprendizagem experiencial exige planejamento. Dinâmicas sem conexão com a realidade da empresa podem ser vistas como perda de tempo. Além disso, é necessário estruturar tempo suficiente para a reflexão, já que muitas organizações priorizam a prática e deixam de lado a análise crítica. Outro cuidado é alinhar o ciclo de Kolb aos objetivos estratégicos da organização, garantindo que cada atividade esteja ancorada em metas de desenvolvimento organizacional.


Conclusão


A teoria de Kolb reforça que aprender não é acumular informações, mas transformar experiências em conhecimento aplicável. No contexto corporativo, adotar o ciclo da aprendizagem experiencial significa preparar colaboradores não apenas para entender conceitos, mas para aplicá-los, refletir sobre eles e evoluir continuamente.


Empresas que utilizam essa abordagem constroem programas de T&D que vão além do treinamento tradicional, formando profissionais mais críticos, criativos e preparados para enfrentar desafios reais. Essa é a essência da aprendizagem transformadora no ambiente corporativo.


IDI Instituto de Desenho Instrucional


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