Aprendizagem Experiencial de Kolb: Do Ciclo à Transformação nas Empresas
- Instituto DI

- 23 de set.
- 3 min de leitura

Em ambientes corporativos, um dos maiores desafios não é transmitir informação, mas garantir que ela seja aplicada na prática. Modelos de treinamento baseados apenas em teoria tendem a gerar baixo engajamento e pouca retenção. É nesse ponto que a aprendizagem experiencial, proposta por David Kolb, ganha força. Essa abordagem defende que o aprendizado se constrói em um ciclo dinâmico, em que teoria e prática se complementam, transformando experiências em conhecimento aplicável.
O Ciclo de Aprendizagem de Kolb
O modelo de Kolb descreve o aprendizado como um processo contínuo em quatro etapas:
Experiência Concreta – vivenciar ou simular uma situação real.
Observação Reflexiva – refletir criticamente sobre a experiência.
Conceituação Abstrata – conectar a vivência a conceitos e teorias.
Experimentação Ativa – aplicar novamente o que foi aprendido em novos contextos.
No contexto da educação corporativa, aplicar esse ciclo significa que o colaborador não apenas ouve ou lê sobre um tema, mas passa por um processo completo de prática, análise, consolidação e aplicação.
Aplicações Práticas do Ciclo nas Empresas
1. Experiência Concreta
É o ponto de partida. Os colaboradores vivenciam uma situação real ou simulada.
Exemplo em vendas: simular uma ligação com um cliente difícil, com direito a objeções inesperadas.
Exemplo em liderança: encenar uma conversa de feedback com um colaborador que está performando abaixo do esperado.
Aqui, o papel do facilitador é criar situações de aprendizagem que sejam desafiadoras, mas seguras, permitindo erros como parte do processo.
2. Observação Reflexiva
Depois da vivência, os colaboradores analisam e discutem o que ocorreu.
Perguntas-chave: O que funcionou bem? O que poderia ser feito de forma diferente?
Exemplo prático: em um workshop de atendimento ao cliente, a equipe debate como as respostas dadas impactaram a satisfação do consumidor.
Essa etapa evita que o treinamento se reduza a uma atividade prática sem significado. É aqui que nasce a reflexão crítica.
3. Conceituação Abstrata
Agora é hora de relacionar a experiência vivida com teorias, metodologias ou boas práticas.
Exemplo em projetos: após um case prático de gestão de conflitos, o instrutor introduz modelos de comunicação não violenta ou técnicas de negociação.
Exemplo em liderança: depois de um role play, o grupo estuda teorias sobre estilos de liderança e feedback construtivo.
Essa fase conecta o vivido com o conhecimento formal, garantindo significado aplicado ao aprendizado.
4. Experimentação Ativa
O ciclo se fecha quando os colaboradores aplicam o que aprenderam em novos contextos.
Exemplo imediato: em um programa de customer success, após uma simulação, os profissionais aplicam as técnicas diretamente em clientes reais e depois compartilham os resultados.
Exemplo contínuo: líderes praticam, ao longo das semanas seguintes, novas formas de conduzir reuniões, trazendo feedbacks para o grupo.
Esse movimento garante que a aprendizagem não fique restrita à sala de treinamento, mas seja incorporada no cotidiano, gerando transformação prática.
Benefícios da Aprendizagem Experiencial no T&D Corporativo
Maior retenção: porque o colaborador vivencia e aplica o conteúdo.
Engajamento elevado: as experiências são mais interessantes que métodos expositivos.
Transferência imediata: o conhecimento é rapidamente levado ao trabalho.
Desenvolvimento de soft skills: como pensamento crítico, colaboração e tomada de decisão.
Alinhamento cultural: experiências bem desenhadas ajudam a reforçar valores da empresa na prática.
Um programa de T&D experiencial pode, por exemplo, substituir longas palestras por jornadas de aprendizagem que combinam dinâmicas, reflexões, conceitos e planos de ação individuais.
Limitações e Cuidados
Apesar de seu alto potencial, a aprendizagem experiencial exige planejamento. Dinâmicas sem conexão com a realidade da empresa podem ser vistas como perda de tempo. Além disso, é necessário estruturar tempo suficiente para a reflexão, já que muitas organizações priorizam a prática e deixam de lado a análise crítica. Outro cuidado é alinhar o ciclo de Kolb aos objetivos estratégicos da organização, garantindo que cada atividade esteja ancorada em metas de desenvolvimento organizacional.
Conclusão
A teoria de Kolb reforça que aprender não é acumular informações, mas transformar experiências em conhecimento aplicável. No contexto corporativo, adotar o ciclo da aprendizagem experiencial significa preparar colaboradores não apenas para entender conceitos, mas para aplicá-los, refletir sobre eles e evoluir continuamente.
Empresas que utilizam essa abordagem constroem programas de T&D que vão além do treinamento tradicional, formando profissionais mais críticos, criativos e preparados para enfrentar desafios reais. Essa é a essência da aprendizagem transformadora no ambiente corporativo.
IDI Instituto de Desenho Instrucional





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