O Design Instrucional está sendo moldado pelo Design de Experiência de Aprendizagem. Veja algumas práticas que confirmam essa nova demanda:
Quando falamos de DI ou Design Instrucional lembramos automaticamente da metodologia ADDIE – um método linear, passo-a-passo, usado para criar quaisquer tipos de ações formativas. Além dessa metodologia temos várias outras, lineares e não lineares (mais contextualizadas) como o caso do SAM. Mas não é isso quero conversar com você, mas o fato de que, com toda a preocupação existente em relação à usabilidade, design de interfaces e como os usuários, novas necessidades fazem frente à forma como a aprendizagem têm se tornado cada vez mais diferente do estilo convencional. Estamos em tempos de estudar usando novas tecnologias. Nada mais justo do que repensarmos não apenas o formato dos conteúdos e recursos em plataformas mas também, a experiência de aprendizagem do aluno.
Não podemos dizer que um substitui o outro, de forma alguma. Fazendo um comparativo gastronômico pode-se dizer que, enquanto o Designer instrucional se preocupa com os ingredientes, a fôrma, fazer o bolo e a temperatura de cozimento, podemos dizer que o designer de experiência de aprendizagem é o que se preocupa com os sabores, a forma como será apresentado e qual a reação que o usuário terá do bolo. Enquanto um põe a mão na massa, o outro lidera a apresentação do prato e a reação do cliente. Algo assim...
Hoje temos mais e mais designers experi6encia de aprendizagem sendo procurados, principalmente os que possuem conhecimento em UX. As vags mudam os títulos mas a descrição do cargo continua a mesma do DI.
A verdade é que estamos em transição. Ainda assim o Design de Experiência de Aprendizagem não resolverá todos os problemas que do Design Instrucional! Vale lembrar que o pensamento de conteúdo para pensamento de ação, de objetivos de aprendizado para objetivos de desempenho, de páginas e slides para necessidades reais de pessoas no trabalho são fluxos naturais que permeiam-se entre si formando um trabalho contínuo justo e necessário.
A conversão de DI para DEX. Veja alguns requisitos:
1. Público-alvo
Diferente da análise c contextual aplicada pelo DI, mas não menos importante, o DEX deve pensar sobre o seu público-alvo. As pessoas vêm trabalhar todos os dias para fazer as coisas em circunstâncias limitadas. Eles podem ter prioridades concorrentes, dificuldades técnicas, gerentes desafiadores. Quanto mais você souber como vai a vida diária, maior a probabilidade de projetar uma "experiência de aprendizado" que os capacite a realizar seu trabalho.
- Pense em eventos externos; seja on-line ou cara a cara.
- Descubra a linha do tempo do seu público-alvo, rotinas no local de trabalho, tarefas diárias.
- Concentre-se no que essas pessoas fazem, não no que elas precisam saber.
- Comece com a forma como eles são medidos em suas atividades do dia-a-dia e quais comportamentos levariam a um melhor desempenho.
Você pode treinar os agentes de atendimento ao cliente na construção de relacionamento com os clientes por semanas em vão se, quando chegarem ao telefone, o supervisor deles disser que seu tempo médio de manuseio deve ser inferior a 1,5 minuto. Inclua gerentes e supervisores em todos os projetos. Eles são as pessoas mais importantes para o reforço.
2. Rapidez e Agilidade
Agilidade em reestruturar um treinamento ou curso. O DI sabe que possuem essa necessidade e deve desenvolver essa competência ao longo da sua carreira. Quanto ao DEX? Uma rápida reviravolta de ideias ou mesmo protótipos pode ajudá-lo a obter soluções mais eficazes que não levariam semanas ou meses. O desenvolvimento de software costumava ter dois ciclos de lançamento por ano. Hoje em dia, com desenvolvimento ágil, um sprint pode resultar em mudanças significativas em semanas. Como podemos acompanhar as mudanças? E se a empresa disser que meu criador de conteúdo de Inteligência Artificial pode ser apenas 90% de onde eu preciso estar, mas não tenho tempo para esperar semanas por uma solução de 100%?
3. Reciprocidade na Auto-Divulgação
O DI sabe mas e o DEX? Sabia que você não pode projetar e entregar experiência ao mesmo tempo? Você pode fazer o seu melhor para contar sua história, mas cabe ao seu público experimentá-la. E a sua história não deve ser sobre os mais recentes técnicos brilhantes e chavões em L & D. Sua história deve ser mais sobre o maestro que se torna invisível entre o público e a orquestra. Sobre alguém cujo valor não é medido pelo tempo que a peça musical leva, mas como a experiência impacta a curta caminhada no estacionamento após o evento, ou as conversas sobre o watercooler no dia seguinte.
Experiência do usuário é o que leva o público a preencher a sala. Os melhores condutores tornam-se invisíveis durante a performance, literalmente “conduzindo” a experiência conectando a orquestra com o público. Deixar a música contar a história, criando a experiência em si, é mais memorável do que qualquer texto em word ne?
4. Mimetismo
A experiência de criar a experiência de aprendizagem deve seguir os mesmos princípios que o resultado final. Quando você está criando uma experiência de aprendizado sobre dar e receber feedback, você está seguindo os princípios que está ensinando? Já pensou em como o DI cria avaliações hoje? Te desafio a buscar mais sobre o assunto e fazer um comparativo.
5. Críticas
É sempre mais fácil criticar o que já existe do que criar algo que não existe. A crítica tem seu próprio lugar e tempo. Autocrítica também! Aprender a evitar a autocrítica quando a criatividade é necessária pode fazer ou quebrar o resultado. Válido para DI e DEX
6. Humor
Algumas pessoas podem pensar que o humor é uma perda de tempo no design. Em dois estudos descobriu-se que: pessoas que assistiram a um videoclipe engraçado antes de uma tarefa, gastaram aproximadamente o dobro do tempo em uma tarefa cansativa, em comparação com pessoas que assistiram vídeos neutros ou positivos (mas não engraçados). Ambos, DI e DEX devem saber usar a neurociência aplicada à educação ao seu favor: seja para fazer o bolo ou esperar a reação do usuário que come o bolo.
Embora o humor e o riso possam não causar diretamente o aprendizado, ele cria um lugar seguro que promove uma melhor aprendizagem:
Humor e riso podem não causar diretamente o aprendizado; no entanto, o humor cria um ambiente que promove o aprendizado. Evidências documentam que o humor apropriado e o humor relacionados ao material do curso atraem e mantêm a atenção e produzem um ambiente de aprendizagem mais relaxado e produtivo
Enfim, falamos sobre design instrucional e design de experiência de aprendizagem. Ambos são necessários e, certamente um não substituirá o outro. A menos que por questões de nomenclatura e acúmulo de competências do trabalho de um (DI) para o trabalho de outro (DEX).
IDI Instituto de Desenho Instrucional
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